A TULHA E O CANTIL...

Certa vez, um homem dono de muitas posses perguntou a um homem simples: “Em que você acredita”? O sujeito não titubeou em dizer: “Ora, acredito na força do meu trabalho, de onde vem meu sustento e da minha família”!
Muito tempo depois, os dois se reencontraram e o tal ricaço já idoso, porém gozando de boa saúde, diante daquela pessoa “bastante debilitada”, insistiu na mesma pergunta; Com humildade, o bom homem respondeu: 

“Trabalhei de sol a sol e nunca enchi minha tulha de cereais improcedentes, nem coloquei água suja no meu cantil”. Nervoso, o que era tido como Coronel desabafou: “Hei, não foi nada disso que lhe perguntei, quero saber é se acredita em Deus”. O bom homem respondeu: “Certamente que a minha conduta de vida nunca foi em virtude de reverência aos homens da sua estirpe”.

CONTINUEM COMIGO”... Poucos dias depois desta "ingrisia toda", na Capela do pequeno Lugarejo o povo velava o corpo do Coronel mais conhecido "daquelas bandas"... (Eta!).

Alguém que parecia ter uma boa relação com o morto resmungou contrariado: “E agora, como fico”? O humilde Ancião deu a receita: “Lembra das aulinhas dele, acrescenta gotinhas de servidão cega, que irás bastante longe”. Veio outro e perguntou: “Meu bom velho, acredita que existe Céu”? Depois de uns bons piscados daqueles olhinhos claros, entremeados nas tantas rugas, o velho Sábio falou: “Ih, não chegou a tempo de perguntar a quem viveu num, mas que já se foi, sem mala, sem cuia e sem estribo”! *Célio Gomes.

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