DE CÉLIO GOMES PARA O MUNDO: "O CALOR DA ESPERANÇA"...

 

 “A Corrida e o fogo da esperança”. 

Certa vez, fui acampar com alguns companheiros adeptos da Religião Espírita. O “José”, que preferia ser chamado simplesmente de Zé, e que era um formidável Artesão, apanhou dois belíssimos barquinhos, sendo um de madeira e outro de papel; Colocou-os na correnteza de um regato e me perguntou: “Célio, em qual dos dois você aposta”? 

Sem titubear, fui logo ao de papel, pela sua leveza. Os dois apetrechos deram a largada, e o meu escolhido tomou grande dianteira. O Zé e eu fomos à trilha ao lado, acompanhando a “disputa”. Estávamos ao lado do brinquedo de papel, e quase não enxergávamos o de madeira, tão distante estava. De repente, para minha decepção, o barco de papel se desmantelou e embaraçou aos galhos secos à margem... 


E lá veio o barco de madeira, todo inteiro, e se deixasse ia muito mais longe. O Zé o apanhou e pediu que eu também apanhasse o tal papel e depois o colocasse para secar ao sol. Voltamos para junto da turma, que juntara alguns galhos secos para fazer uma fogueira; Nada do fogo avivar, até que o Zé me disse: Pega lá o seu “barco destruído” e acenda logo esse fogo para nos aquecer.  Foi o que fiz e o fogo realmente vingou, mas por pouco tempo. Foi então que surpreendentemente o Zé pegou seu barquinho de madeira e o colocou sobre as poucas brasas; 


Fiz menção de salvar o belo brinquedo, mas fui contido. Logo, chamas enormes voltaram a surgir e pelo jeito iriam durar bastante. Então ele se aproximou de mim e disse: “Veja meu amigo, podemos iniciar um fogo com um simples pedaço de papel, mas só com a boa qualidade dos nossos anseios e sentimentos, podemos alimentar de fato as chamas da nossa esperança”.

“Percurso longo, barco sólido”. - Dias depois... Encontrei com o Zé numa Sessão Espírita, e ia logo questionar sobre a queima do tal barquinho, quando ele se antecipou e me perguntou: “Não viu meu barco, aquele dia eu o perdi”. Quando fui responder, alguém me tocou o ombro e pediu que fizesse silêncio. Quando o Zé, que era Médium, recebeu o seu Guia, me aproximei e então falei sobre o barco. O Guia deu uma boa risada e disse: “Ora essa, o Zé têm muitos barcos, vez ou outra eu tenho que queimar algum para dar lição a certas pessoas”! 

Meio assustado, já ia me retirando quando ele me disse: “Se o percurso escolhido fosse curto, o barco mais frágil, porém mais rápido, venceria com certeza”. E concluiu: “Fiquem atentos na escolha dos seus líderes. Eles precisam ter qualidade para suportar uma longa jornada, ou ancoram numa margem qualquer, não chegam a lugar nenhum e estacionam também os anseios de quem os escolheu. Cuidado com os que jogam sua palavra ao vento ou a petrifica em pedaços de papel. Evitem os que utilizam ouvidos alheios para se informar, bocas alheias para espalhar intrigas e alimentar discórdias. Lembrem-se que os autênticos líderes honram seus compromissos e, mormente são humildes, mas falam e agem por si mesmos”. *Célio Gomes