CRÔNICA INÉDITA DE CÉLIO GOMES: "MEU TEMPO".

 

MEU TEMPO...

*By Célio Gomes.

Não se constitui em segundos, minutos e horas.. Nem em dias, meses e anos. Não se exibe, não tem pressa e não se enamora da vaidade. Meu tempo persiste em viver momentos do entardecer, anoitecer, amanhecer, e assim, sucessivamente, se esbaldar com todo esse charme, sem compromissos... Meu tempo não se distrai, mas blefa, para com suposta lentidão, atrair seus opostos, e colocá-los em seus devidos lugares; não é e nem poderia ser um boêmio, mas se posta às vezes como um silvo insistente, rasgando noites a dentro, como fosse o predileto cantor da lua, das estrelas e dos amantes... Mas ama a luz do sol, as tardes fechadas, quando as nuvens cegam o astro rei; formando um clima intrigante, que ilude os que toleram mistérios, como fossem uma temeridade, e ao mesmo tempo, uma fascinação poética... No meu tempo, cabe a paixão, a desconstrução de histórias, recomeços, a ternura de um simples amor e o desafio da flor, que perde suas pétalas, para alimentar infantis ilusões... Meu tempo se apartou das épocas, para ser soberano, num carrossel que gira num espaço só, respirando uma única demanda, "egoísta que é, para ser e viver um todo seu, como se houvesse amanhã, sem exceções, para todo o sempre"...

IMAGEM ILUSTRATIVA

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