O Bem e o Mal


Os males de toda sorte, físicos ou morais, que afligem a humanidade se apresentam em duas categorias que importa distinguir: são os males que o homem pode evitar e os que são independentes de sua vontade. Entre esses últimos é preciso colocar os flagelos naturais.

O homem recebeu como dote uma inteligência com a ajuda da qual pode afastar, ou pelo menos atenuar grandemente os efeitos de todos os flagelos naturais; quanto mais adquire saber e avança em civilização, menos esses flagelos são desastrosos; com uma organização social sabiamente previdente, poderá mesmo neutralizar as conseqüências, ainda que não possam ser evitadas inteiramente. Assim mesmo esses flagelos que terão sua utilidade na ordem geral da natureza no futuro, mas que também afligem no presente, Deus deu ao homem meios de paralisar seus efeitos, pelas faculdades das quais tem sido dotado seu Espírito.

Devendo o homem progredir, os males aos quais está exposto são um estimulante para o exercício de sua inteligência, de todas suas faculdades físicas e morais, incitando-o à busca dos meios de se sustentar. Se não tivesse nada a temer, nenhuma necessidade, não iria à procura do melhor; seu espírito se embotaria na inatividade; não inventaria nada e não descobriria nada. A dor é o aguilhão que impulsiona o homem para adiante na via do progresso.

Mas os males mais numerosos são aqueles que o homem cria por seus próprios vícios, aqueles que provém de seu orgulho, de seu egoísmo, de sua ambição, de sua cupidez e de seus excessos em todas as coisas: aí está a causa das guerras e das calamidades que acarretam, das dissensões, das injustiças, da opressão do fraco pelo forte e enfim da maior parte das doenças. Postado por