EM ARTES LITERÁRIAS: "O BÚFALO E A BORBOLETA".

 Isaías Bastos 

Não preciso da sua ajuda! Me deixa sozinho! — gritou o búfalo, empurrando a borboleta com força e machucando-a um pouco.
A borboleta, ferida, saiu mancando e foi direto para a caverna onde costumava chorar toda vez que o búfalo a maltratava. Assim que se recuperou, voltou novamente, trazendo uma planta medicinal para tentar curá-lo. Novamente recebeu outra patada. Porém, dessa vez, o búfalo usou muita força e acabou deixando-a muito ferida.
— Some daqui! — gritava o búfalo, sem perceber que a borboleta estava morrendo por causa das patadas.
Mesmo ferida, ela deixou a planta medicinal ao lado do búfalo.
— Sabe, búfalo... às vezes eu acho que você não me ama — disse a borboleta, com os olhos afogados em lágrimas.
— E não amo mesmo! Eu te odeio! — respondeu o búfalo.
A borboleta saiu se arrastando, cansada por causa da dor, e foi direto para sua caverna chorar. Mas dessa vez... não voltou.
Conforme o tempo passava, o búfalo começou a sentir falta dela. Lembrou-se dos gestos carinhosos, dos presentes, dos sorrisos... da doçura da borboleta. Mas agora só havia tristeza. Um vazio profundo. Um rombo no peito que nada podia preencher.
Já não comia, não dormia... mancando e com medo de tê-la matado por sua ignorância. Ao seu lado, a planta medicinal — o último presente que ela havia deixado — agora estava murcha.
O búfalo não aguentou mais. Saiu à procura da borboleta. Foi direto para a caverna onde ela costumava chorar. Entrou com esperança... mas ela não estava lá. Só havia um silêncio pesado. Um vazio atormentador.
Encostou-se em uma pedra e começou a chorar.
A pedra então perguntou:
— Por que você chora, homem?
— É que... eu amava uma borboleta alegre, feliz, generosa... mas ela morreu! Eu... eu... — gaguejou ele — eu acho que eu a matei...
As lágrimas banhavam seu rosto enquanto dizia isso.
A pedra respondeu:
— É verdade que você a amava?
— Claro! E não era pouco! — respondeu ele.
— E por que nunca disse?
— Não sei... achava mais fácil dizer que a odiava mesmo...
Então, de repente, a borboleta saiu de trás da pedra que estava “falando” com ele:
— Você já viu pedra falar, burro? Sou eu que estou falando! Eu tô vivinha! Não morri não!
O búfalo se enfureceu de emoção e começou a gritar:
— Eu te odeio! Eu te odeio!
Mas enquanto dizia isso... abraçou a borboleta com força.
Mesmo depois disso, ele nunca disse claramente que a amava. E assim é na vida: há muitas pessoas que nunca vão dizer essa palavra. Mas ela está lá... no coração.
Essas pessoas talvez nunca digam "eu te amo".
Mas são elas que vão te procurar... se um dia você desaparecer. Escritor Isaías Bastos


*Célio Gomes/Grande Complexo Online Em Cima da Linha/Patrocínio MG, "Capital Mundial do Café" - Brasil!
Site Oficial: www.emcimadalinha.com.br