*Por Vítor Soares
Ele foi baleado, esfaqueado e atravessado por flechas — ao todo, 20 ferimentos. Então, em 1844, dado como morto em um campo de batalha ensanguentado, Cicero Rufus Perry fez o impensável: caminhou 120 milhas sozinho por terras hostis para sobreviver. Nascido no Alabama em 1822, Perry mudou-se para o Texas aos 11 anos e logo se viu no meio de confrontos violentos — lutando no cerco de Béxar, em escaramuças ao longo do Yegua Creek e batalhando contra tribos nativas como Texas Ranger. Suas feridas contam uma história de determinação implacável, mas aquela caminhada de 120 milhas permanece como um testemunho de uma força de vontade que poucos poderiam imaginar.
Não foi apenas uma fuga milagrosa; foi sobrevivência em estado bruto. Perry, sangrando e desarmado, sem comida ou água, cambaleou pelo terreno acidentado de Uvalde até San Antonio, recusando-se a desistir mesmo quando seus companheiros acreditavam que ele estava morto. Mas sua história não terminou ali. Anos depois, Perry ainda lutava, sobrevivendo a batalhas como a de Deer Creek em 1873. Subindo nas fileiras, tornou-se capitão da Companhia D, liderando homens que o reverenciavam por seu espírito inquebrantável e astúcia em combate. Sua vida foi uma lenda silenciosa — conhecida não por riquezas ou fama, mas pela resiliência que inspirava aqueles que cavalgavam ao seu lado.
Quando faleceu em 1898, na áspera região de Texas Hill Country, o nome de Perry já havia se tornado uma lenda sussurrada entre os Rangers. Ainda assim, fora das páginas empoeiradas da história, quantos conhecem sua trajetória? Quantos conseguiriam imaginar caminhar aquelas brutais 120 milhas — ferido, sozinho e desesperado — apenas pela chance de viver? A jornada de Cicero Perry nos obriga a perguntar: o que você teria feito se tivesse sido deixado para morrer?
*Célio Gomes/Fundador e Administrador
do Grande Complexo Online Em Cima da Linha,
Redação direto da linda Cidade de Patrocínio/MG,
"Capital Mundial do Café" - Brasil
